Espetáculo

Enquanto eu tiver perguntas

Release

“Enquanto eu tiver perguntas”, espetáculo teatral criado a partir de um recorte do romance “A hora da estrela” (1977), de Clarice Lispector, trata, em primeiro plano, de uma artista às voltas com a perplexidade, angústias e alegrias do processo criativo. Outras questões fundamentais da existência humana permeiam a obra, como a busca pelo sentido da vida e a iminência da morte, com espaço ainda para a indignação frente às injustiças sociais que atingem tantas pessoas no mundo.

A encenação apóia-se, principalmente, na riqueza do texto e no trabalho da atriz para construir uma peça que tem ares de uma conferência cênica, transitando entre o épico e o dramático num cenário que se reduz ao mínimo necessário para indicar o espaço de criação da escritora e o quarto da personagem. Ora interagindo com a trilha sonora, ora compartilhando suas inquietações diretamente com o público, a atriz representa tanto a artista criadora, como a personagem principal do romance que está em gestação.

 

Atuação e pesquisa

A pesquisa que deu origem ao espetáculo foi realizada durante o doutorado da atriz Brisa Vieira, período no qual pesquisou recriações corporais e vocais de trechos do romance “A Hora da Estrela”. Em 2021, com os recursos da Lei Aldir Blanc o exercício cênico apresentado em sua defesa pode ser finalizado.

A atuação apoia-se sobretudo nos fluxos de impulsos gerados pela potente palavra clariceana no corpo, compondo ações e movimentos no espaço cênico. A preparação corporal da dançarina Mariana Jorge foi determinante para conduzir os fluxos que apoiam o texto, tornando possível a estruturação de margens que o preservam em sua potência.

 

 

Encenação e Direção

No encontro com Moacir Ferraz, o foco foi a materialidade sonora da palavra como disparador da imaginação e da atriz Brisa Vieira, cuja atuação é a principal base da encenação. Um cenário de poucos objetos, cuja montagem acontece em cena, serve como metáfora do processo de criação, cedendo espaço para os desenhos da luz e à movimentação da cena.

 

Trilha Sonora

Criada especialmente para a peça, a trilha colabora com a atriz na condução das ações e do texto, dialoga com a cena criando atmosferas que dão sustentação à encenação e constrói narrativas, ressoando sensivelmente na plateia. O piano, para a escritora, conversa com universo do conhecimento, dos conceitos, da ascese pela palavra representada na espiral melódica sempre crescente presente em seu tema. A sanfona, para Macabéa, é como um lamento e tem suas referências no nordeste que vemos nas músicas de Luiz Gonzaga.

 

Cenário, figurinos e Iluminação

O espetáculo transita entre o universo poético de Macabéa traduzido no mobiliário minimalista de um quarto, e a realidade da escritora, simbolizada pelo vazio do palco e uma grande folha de papel em branco.

A luz possui a função de conduzir o olhar entre estes dois ambientes: momentos de dura realidade são iluminados por uma luz fria, quase asséptica, já os momentos de devaneios das personagens são intimistas, cheios de texturas e sombras.

Concebidos a partir do tema da invisibilidade de Macabéa, temos como figurino um vestido entrecortado que possibilita ver o que está por baixo, um vestido cor nude, este último, figurino da escritora.

 

Sinopse

“Enquanto eu tiver perguntas” é um solo teatral criado a partir do romance “A Hora da Estrela” (1977), de Clarice Lispector. Na peça, uma escritora compartilha com o público as dores e delícias de seu processo criativo, enquanto prepara o livro que vai contar a história de Macabéa, migrante nordestina que, nos momentos de solidão de sua existência anônima, coleciona recortes de revistas que retratam um mundo ideal, ao som dos inúteis anúncios de uma rádio no Rio de Janeiro. No palco, a atriz Brisa Vieira dá vida à criadora e sua personagem.

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Descrição da imagem: A imagem retrata uma mulher com cabelo cacheado, de costas, segurando uma grande folha de papel amassada com marcas vermelhas, em um ambiente suave. O fundo é uma parede de tijolos brancos, e a iluminação cria sombras que adicionam profundidade. A cena transmite uma atmosfera artística e introspectiva, refletindo dedicação e um momento de criação.
Mulher segurando um rádio com as duas mãos, enquanto olha para o vazio
Descrição da imagem: A imagem mostra uma mulher sentada com um rádio portátil, aparentando estar pensativa e concentrada. Ela veste uma blusa com renda, dando um ar vintage. O fundo tem uma cortina de renda, criando uma atmosfera nostálgica. A iluminação suave em tons de roxo agrega profundidade emocional à cena. Ao lado, há um rolo de papel higiênico e algumas folhas.
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Descrição da imagem: A imagem mostra uma mulher em um ambiente artístico, segurando uma peça de vestuário. Ela tem uma expressão séria, refletindo sobre o que segura. O fundo tem uma parede com papel amassado e escrita em vermelho, parecendo parte de uma apresentação. O objeto possui um padrão floral e detalhes em renda, sugerindo um estilo vintage.

Ficha técnica

 

Atuação e pesquisa: Brisa Vieira

Direção: Moacir Ferraz

Texto: trechos de A Hora da Estrela, de Clarice Lispector

Adaptação dramatúrgica: Brisa Vieira e Moacir Ferraz

Preparação corporal: Mariana Jorge

Orientação de pesquisa: Suzi Sperber e Raquel Scotti Hirson

Trilha sonora original e produção musical: Edu Guimarães

Cenografia e iluminação: Eduardo Albergaria

Criação e confecção dos figurinos: Teka Moran e Juliana Schmidt

Locução e sonoplastia dos anúncios da Rádio Relógio: Anderson Zotesso

Fotografia: Nina Pires

Design gráfico: Ravi Novaes

Produção: Brisa Vieira

Realização: Manifesta Companhia

Classificação indicativa: 16 anos

Gênero: dramático

Duração: 40 minutos

 

Teaser:

https://youtu.be/bZXYLCW8EGI